sexta-feira, 12 de março de 2010

Perguntas Freqüentes

POR QUE EU DEVERIA PRATICAR WEN-DO?


Eu ouvi dizer que são necessários muitos anos de treino para saber se defender. Não vai me dar uma falsa idéia de segurança? Não é pouco conhecimento para enfrentar o perigo?


Muitas mulheres se defendem sem conhecimento algum em defesa pessoal ou artes marciais. Usam apenas sua determinação ou o que lhes vêm à cabeça no momento, para escapar. O Wen-Do ajuda a desenvolver uma consciência a fim de prevenir os ataques. Ensina a usar vários tipos de estratégias, além de algumas técnicas físicas simples. Qualquer noção deste conhecimento já lhe pode ser útil. Não é um esporte, não requer força, velocidade ou agilidade. Aprendemos a manter a calma e identificar as saídas para cada tipo de situação. Durante os treinos, ao simularmos situações de violência, estamos apenas condicionando nosso corpo e nossa mente para reagir de determinada maneira ao sofrermos uma violência. Pode estar certa de que perigo maior é entrar em pânico e não saber o que fazer!


Eu não sou muito forte... vou conseguir me defender?


Podemos nos defender com o corpo e com os recursos que nós mesmas já temos. Não importa se você é grande ou pequena, se está em forma ou não. A intenção não é competir ou imobilizar a outra pessoa, mas impedir / defender o ataque, buscar ajuda e um lugar seguro.

O Wen-Do pode ser treinado desde os 6 anos de idade até mulheres de 80, por exemplo. As técnicas e exercícios podem ser adaptados de acordo com a sua habilidade – beneficiando também mulheres que possuem limitações físicas e psicológicas / mentais.


Se eu revidar, isso não vai fazer com que o agressor fique ainda mais violento?


Se você já tem o pensamento de que não pode ou não deve revidar, é porque você realmente assume para si que não é capaz. A origem da força está em você mesma, através de sua determinação e atitude. Supondo que você o acerte, é muito provável que o agressor realmente fique com mais raiva. Mas você não vai ficar ali parada esperando para ver a reação dele. Machucado e com dor, a probabilidade de que ele te alcance é muito pequena.

No entanto, é verdade que em determinadas situações, o fato de combater a agressão pode sim levar a maiores prejuízos. Mas seria um erro fazer disso, regra. Estudos mostram que as mulheres que revidam têm maiores chances de se salvarem de abusos do que as que nada fazem. Cada situação é única e cabe a você avaliar e decidir qual a melhor técnica ou estratégia a ser utilizada.


Praticando Wen-Do, vou ficar menos feminina? Significa que vou me tornar mais desconfiada e passar a odiar homens? Ou que vou ficar mais agressiva e procurar brigas?


Geralmente há um pré-conceito de que a defesa pessoal é ofensiva e agressiva. Associa-se a ela uma imagem de luta. Quando, na verdade, é apenas uma forma de protegermos o nosso espaço pessoal – seja ele físico ou psicológico (onde a violência é mais sutil e quase imperceptível).

No Wen-Do iniciamos um processo de construção de nossa segurança. Muito do que vivemos é porque não sabemos o que fazer para evitar, superar ou para acabar de vez com determinadas situações constrangedoras. O objetivo é aprender a identificar esses tipos de violência e saber escolher a alternativa que julgamos como melhor (física, verbal ou psicológica), de acordo com o grau de agressão que sofremos.


Já vivi uma situação traumática no passado. Gostaria muito de aprender a me defender, mas tenho medo de trazer à tona sentimentos ruins do passado. Além disso, existem muitos tipos de Autodefesa. Como vou saber se o Wen-Do é a mais indicada para mim?


É muito comum que meninas e mulheres que sofreram abuso sejam acusadas de culpa. No Wen-Do acreditamos que NUNCA uma agressão é justificada, qualquer seja o seu motivo. Muitas sobreviventes de violência encontraram no Wen-Do um espaço para conforto e superação, pois a proposta também é de trocar e dividir experiências, ajudando-nos umas as outras. Fica a seu critério contar ou não ao grupo o que viveu no passado. Abordar assuntos relacionados ao tema e reviver experiências anteriores pode mexer com as emoções. Somente você pode decidir se fazer Wen-Do será benéfico ou não neste momento.

Ao fazer sua escolha, deve-se levar em conta que:

· o Wen-Do é ensinado por mulheres e para mulheres

· temos um espaço democrático, onde sua participação é opcional a qualquer momento do treino

· você não será pega de surpresa durante as técnicas físicas, pois não será tocada sem sua permissão

· você não precisa estar em forma ou desenvolver musculatura para executar as técnicas

· observam-se várias outras estratégias além da defesa física somente

· ao invés de falar o que fazer (o certo ou o errado), buscamos soluções juntas

· criamos um ambiente confortável e seguro tanto física quanto emocionalmente para os treinos

· temos sempre em mente que defender-se de alguém que conhecemos é muito diferente de defender-se de um estranho – sendo que nas demais defesas pessoais considera-se que a agressão virá sempre de um desconhecido – e essas são 2 situações bem diferentes para serem trabalhadas

· debatemos sobre os diversos tipos de violência e agressão (assédio, abuso em relacionamentos e agressão sexual) e discutimos o POR QUÊ acontecem, COMO acontecem e O QUE FAZER se acontecerem

· gostamos de fazer nossos treinos relevantes e úteis também em outros aspectos, aliando também análises e práticas não-opressivas e não-discriminatórias

· por trás de um trabalho bastante sério e que lida com assuntos de extrema importância, temos treinos lúdicos e divertidos.


Eu não preciso aprender a me defender, pois eu não saio à noite, e sou pouco atraente. Quase não ando de ônibus nem a pé na rua. Ninguém vai querer abusar de mim.


Não importa o que aparentamos, como somos ou de onde viemos. Ninguém está a salvo de agressões (principalmente psicológicas) e assaltos. Além disso, na maioria das vezes, as mulheres são atacadas por alguém em quem confiam. Se o agressor perceber que somos vulneráveis, pode acreditar que tem controle sobre nossas vidas e sobre nossos corpos.

A aprendizagem da defesa pessoal é o primeiro passo para acabar com este abuso. É fazer frente à violência que está sendo exercida contra nós, mulheres. É um meio de afirmar nosso direito de controlar nossas próprias vidas.


Fonte: http://wendo.ca/questions.php

Tradução inicial: Mônica Rossetim / Tradução final, revisão e adaptação: Roberta S. Weber


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